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Medicamentos vasoconstritores utilizados no tratamento da congestão nasal: riscos de eventos adversos e farmacodependência.

Área: GGMON

Número: 12016

Ano: 2016

Resumo:

A Gerência de Farmacovigilânciam alerta para os riscos relacionados ao uso indiscriminado dos descongestionantes nasais à base de substâncias vasoconstritoras.


Identificação do produto ou caso:

Medicamentos descongestionantes nasais à base de substâncias vasoconstritoras (nafazolina, fenoxazolina, oximetazolina, xilometazolina)


Problema:

Vasoconstritores nasais de uso tópico são medicamentos utilizados no tratamento da congestão nasal para alívio de sintomas em resfriados, quadros alérgicos nasais e rinites. Eles podem ser adquiridos sem a necessidade de receita médica, pois são considerados seguros, desde que utilizados conforme as orientações descritas nas bulas. Contudo, esses medicamentos podem causar problemas de saúde devido ao uso inadequado e excessivo, e por isso a  Anvisa alerta para o risco de ocorrência de eventos adversos importantes decorrentes de sua utilização.

Dentre as possíveis reações adversas estão a rinite medicamentosa ou congestão nasal de rebote, que é quando o paciente passa a ter congestão nasal provocada pelo próprio medicamento. Outra reação comum é a taquifilaxia (diminuição consideravelmente rápida da resposta ao medicamento), também chamada de dessensibilização, ou seja, quando o organismo deixa de responder às doses usuais recomendadas na bula. Nos dois casos, costuma ocorrer uma necessidade de uso de uma dose maior e mais vezes por dia, fato que contraria a indicação aprovada como segura ao paciente e publicada na bula. Essa prática só tende a agravar o problema da congestão nasal, ao invés de curá-la. Dessa maneira, o uso indevido desses medicamentos pode levar à farmacodependência.

Outras reações adversas relatadas em decorrência da utilização de descongestionantes nasais à base de substâncias vasoconstritoras (nafazolina, fenoxazolina, oximetazolina, xilometazolina) são taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos), bradicardia (desaceleração dos batimentos cardíacos), cefaleia, sedação, sonolência, convulsão, agitação, e isquemia cerebral.
 


Ação:

A Anvisa orienta que o tempo de tratamento máximo com descongestionantes nasais vasoconstritores é de até três dias. Pacientes com doença cardíaca, hipertensão, doença de tireoide, diabetes, rinite crônica, glaucoma ou dificuldade em urinar devido ao aumento do tamanho da glândula da próstata não devem utilizar o medicamento.


Histórico:

Embora as pesquisas, no momento do registro de um medicamento, tenham indicado eficácia e segurança aceitáveis, mesmo que indicados e utilizados corretamente, podem ocorrer eventos imprevisíveis, desconhecidos e até mesmo graves.  Por isso a notificação espontânea constitui-se no principal método de informação das reações adversas. Ela consiste na coleta e comunicação de reações indesejáveis ocorridas após o uso de um medicamento. É através da notificação que são geradas novas informações sobre a segurança do medicamento. 


Recomendações:

A Anvisa monitora continuamente os medicamentos e solicita aos profissionais de saúde e pacientes que notifiquem os eventos adversos ocorridos com o uso de qualquer medicamento. A comunicação de suspeitas de eventos adversos pelos pacientes pode ser realizada por meio do Formulário de Notificação de Eventos Adversos para o Cidadão ou ainda pelos canais disponíveis para atendimento ao cidadão:  Central de Atendimento ao Público e Ouvidoria. Para o profissional de saúde, a Anvisa disponibiliza o sistema Notivisa para a realização das notificações de eventos adversos.


Anexos:




Informações Complementares:

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